O cinema queer brasileiro e a desestabilização da masculinidade hegemônica nos grandes centros urbanos

Uma análise dos filmes Tinta Bruta e Corpo Elétrico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14409/culturas.2024.18.e0049

Palavras-chave:

narrativa, cidade, espaço, homossexualidade, masculinidade

Resumo

Este artigo consiste em uma análise da cidade como um espaço público que nos possibilita compreender tensionamentosque a homossexualidade provoca em relação à masculinidade hegemônica, através dos longas-metragens Tinta Bruta (2018) e Corpo Elétrico (2017). Será adotada como metodologia a análise fílmica (Aumont e Marie, 2004) e a atenção do trabalho estará voltada à narrativa das cenas em que ocorrem festas em meio à rua. As discussões sobre a construção do espaço fílmico terão como base o pensamento de Bordwell (1995), Gaudreault e Jost (2009) e Costa (2013a e 2013b). O conceito de masculinidade hegemônica terá como referência Connel e Messerschmidt (2013). Para a compreensão do histórico de reivindicações por direitos de grupos minoritários com sexualidades dissidentes, bem como a relação dos grandes centros urbanos com a trajetória de tais lutas políticas, este trabalho apresentará como embasamento teórico as obras de Lacerda (2015), Lacerda Júnior (2015), Nagime (2016), Lopes (2016), Louro (2018), Galuppo (2019), Ramalho (2020), Quinalha (2022) e Halberstam (2023). Como resultados, foi possível compreender que o cinema queer levanta provocações e questionamentos a paradigmas hegemônicos e, através de narrativas que se distanciam de uma tentativa de assimilação, os filmes analisados retratam possibilidades de reinventar cidades. A presença dos protagonistas de ambas as obras, em festas frequentadas por indivíduos heterossexuais, colocam em tensão preconceitos e desestabilizam a busca de personagens masculinos heterossexuais por dominação. A cidade, contudo, também é abordada como um espaço públicoonde a pluralidade e novas formas tanto de estar como entender o mundo encontram maneiras de resistir e viver com orgulho as diferenças.

Biografia do Autor

João Paulo Wandscheer, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pesquisa sobre cinema queer brasileiro e participa do ARTIS - Grupo de Pesquisa em Estética e Processos Audiovisuais. É mestre em Comunicação Social pela PUCRS e, há aproximadamente seis anos, trabalha como ator.

Miriam de Souza Rossini, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutora (História - UFRGS), Mestre (Cinema - USP). Professora Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e ao Departamento de Comunicação. Coordenadora do ARTIS -  Grupo de Pesquisa em Estética e Processos Audiovisual - CNPq. Editora da revista Rebeca. Membro do Conselho Fiscal da SOCINE (2019 a 2023).

Publicado

2024-12-30

Como Citar

Wandscheer, J. P., & de Souza Rossini, M. (2024). O cinema queer brasileiro e a desestabilização da masculinidade hegemônica nos grandes centros urbanos: Uma análise dos filmes Tinta Bruta e Corpo Elétrico . Culturas, (18), e0049. https://doi.org/10.14409/culturas.2024.18.e0049

Edição

Seção

Artículos / Eje 3: Expresiones artístico-culturales, género y memorias