Figurações da memória e releitura histórica na dramaturgia portenha escrita por mulheres
DOI:
https://doi.org/10.14409/culturas.2024.18.e0046Palavras-chave:
dramaturgia, autoria feminina, memória, história, pós-ditadura argentinaResumo
O período pós-ditadura na Argentina, entre os anos 1983-2016, deu origem a uma natureza mais complexa do teatro, cuja característica principal foi marcada pelas intersecções entre diferentes práticas sociais e artísticas. Os anos 90’, em particular, forneceram o quadro para um processo de transformações radicais que se iniciaria no campo teatral de Buenos Aires, com o objetivo de quebrar os modelos de autoridade estética vigentes até então. As chamadas “dramaturgias emergentes” coloca-ram em questão tanto as exigências temáticas como as questões de forma e técnicas de escrita. Novas formas de se relacionar com o passado e de levantar questões sobre a memória social deram lugar à visibilidade de mulheres dramaturgas que foram sujeitas à censura e ao exílio durante a ditadura de 76, bem como ao surgimento de novas vozes femininas. São os casos de Susana Torres Molina, Cristina Escofet, Patricia Zangaro e Adriana Tursi, que, desde então, não só contribuíram para o enriquecimento do campo da escrita dramatúrgica, mas abriram, nas suas produções, o leque de preocupações para repetições do passado histórico. Este artigo procura construir um percorrido que nos permita historicizar, por um lado, os esforços na ação coletiva de ponderação da autoria feminina na escrita teatral e, por outro, apontar, num corpus de textos, a cíclica natureza da história argentina, organizada sobre a figura da vítima sacrificial.