Concretização do direito à saúde no Brasil e na Índia: um estudo comparado
DOI:
https://doi.org/10.14409/redoeda.v8i2.10652Palavras-chave:
right to health, Brazil, India, comparative method, constitutional lawResumo
Este artigo tem por escopo comparar os regimes jurídico-constitucionais do Brasil e da Índia quanto à concretização do direito à saúde. Para tanto, primeiramente serão apresentadas informações gerais sobre os dois sistemas, notadamente sobre os aspectos da fundamentalidade desse direito, da garantia constitucional, da titularidade do dever de assegurá-lo, da participação do privado e dos sistemas públicos de saúde (se existentes). Depois, serão contrastados os objetos escolhidos de estudo para que se identifique as proximidades. Será utilizado o método comparativo, a partir de abordagem funcionalista e do pensamento disseminado por Pierre Legrand. Conclui-se que no Brasil o direito à saúde possui maior proteção e densidade normativa, em razão, sobretudo, de ser um direito fundamental constitucionalmente assegurado e por possuir o Sistema Único de Saúde como estrutura pública de concretização. Já na Índia, por não ser constitucionalmente assegurado e por não possuir um sistema público estruturado nacionalmente, o direito à saúde encontra-se em patamar inferior, ainda havendo muito a se desenvolver.
Referências
ABROL, Dinesh; SUNDARARAMAN, T.; MADHAVAN, Harilal; JOSEPH, K. J. A criação de sistemas inclusivos de inovação em saúde: lições da Índia. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, n. 32, suplemento 2, 2016.
AVILA, Ana Paula Oliveira; MELO, Karen Cristina Correa de. Separação de poderes e diálogos institucionais nos litígios envolvendo o direito à saúde. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 5, n. 1, p. 83-108, jan./abr. 2018.
BECHARA, Fábio Ramazzini; COSTA, Fernanda Soraia Pacheco. Eficiência na prestação de serviços de saúde: experiência brasileira do modelo gerencial e comparativo com os países da common law. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 19, n. 75, p. 65-82, jan./mar. 2019.
BERCOVICCI, Gilberto. A descentralizaçāo de políticas sociais e o federalismo cooperativo. Revista de Direito Sanitário, vol. 3, n. 1, p. 13-28, mar. 2002.
BERTOTTI, Bárbara Mendonça; PIVETTA, Saulo Lindorfer. A integração da iniciativa privada ao sistema público de saúde brasileiro: limites e possibilidades. Revista Eurolatinoamericana de Derecho Administrativo, Santa Fe, vol. 5, n. 2, p. 239-265, jul./dic. 2018.
BERTOTTI, Bárbara Mendonça. Sistema Único de Saúde: estrutura, financiamento e cobrança. Curitiba: Íthala, 2021.
BITENCOURT, Caroline Müller; RECK, Janriê Rodrigues Democracia deliberativa, teoria da decisão e suas repercussões no controle social das despesas em saúde. Revista de Direito Econômico e Socioambiental, Curitiba, v. 8, n. 1, p. 121-147, jan./abr. 2017.
BLANCHET, Luiz Alberto; BERTOTTI, Bárbara Mendonça. Perspectivas e desafios à implementação de Saúde Digital no Sistema Único de Saúde. Unpublished.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Available at: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Access on: 16 jul. 2021.
BRASIL. Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Available at: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Access on: 16 jul. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha “Entendendo o SUS”. Available at: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2013/agosto/28/cartilha-entendendo-o-sus-2007.pdf>. Access on: 15 jul. 2021.
CARDUCCI, Michele. Crítica de la comparación constitucional “ad hoc”. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 14, n. 55, p. 13-22, jan./mar. 2014.
CASIMIRO, Ligia Maria Silva Melo de; SOUZA, Thanderson Pereira de. A tutela do direito à saúde pela Administração Pública: delineando o conceito de tutela administrativa sanitária. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 7, n. 2, p. 601-629, maio/ago. 2020.
CESCR General Comment No. 3: The Nature of States Parties’ Obligations (Art. 2, Para. 1, of the Covenant). Available at: <https://www.refworld.org/pdfid/4538838e10.pdf >. Access on: 30 July 2021.
CORREIO, Felipe Dutra Asensi; PINHEIRO, Italo Jorge Bezzera; MONNERAT, Diego Machado. Regulação em saúde: análise do impacto da atuação da ANS nas operadoras de planos de saúde. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 21, n. 85, p. 139-160, jul./set. 2021.
DAL POZZO, Emerson Luís; MION, Ronaldo de Paula. Controle jurisdicional das políticas públicas de saúde através da inclusão de medicamentos na relação de medicamentos essenciais do Sistema Único de Saúde. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 19, n. 77, p. 199-228, jul./set. 2019.
DIMOULIS, Dimitri. Objetivos e métodos do direito comparado e peculiaridades do direito constitucional comparado. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais – RBEC, Belo Horizonte, ano 10, n. 35, maio/ago. 2016.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Soluções construídas pelo CNJ buscam reduzir judicialização da saúde. Available at: <https://www.cnj.jus.br/solucoes-construidas-pelo-cnj-buscam-reduzir-judicializacao-da-saude/>. Access on: 15 jul. 2021.
GABARDO, Emerson; CABRAL, Rodrigo Maciel. Autorização para uso de medicamentos com princípios ativos proscritos no Brasil. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 7, n. 2, p. 473-515, maio/ago. 2020.
GUERRA, Alceni; BERTOTTI, Bárbara Mendonça; GUIDI, Silvio. Comentários à Lei Orgânica da Saúde (LOS). Leis n. 8.080/90 e 8.142/90. Trinta anos da Lei. São Paulo: Quartier Latin, 2021.
HACHEM, Daniel Wunder. A maximização dos direitos fundamentais econômicos e sociais pela via administrativa e a promoção do desenvolvimento. Revista de Direitos Fundamentais e Democracia da UniBrasil, Curitiba, v. 13, n. 13, p. 340-399, jan./jun. 2013.
INDIA. The Constitution of India. Available at: <https://legislative.gov.in/sites/default/files/COI.pdf >. Access on: 31 jul. 2021.
INDIA. Ministry of Health & Family Welfare Government of India. National Health Mission. Available at: <https://nhm.gov.in>. Accessed on: 30 July 2021.
INDIA. RSBY. Available at: <http://www.rsby.gov.in/how_works.html>. Access on: 30 July 2021.
JAN SWASTHYA ABHIYAN. People’s Health Movement-India. Available at: <https://phmindia.org/about-us/>. Access on: 31 jul. 2021.
KHOSLA, Madhav. Making social rights conditional: Lessons from India. International Journal of Constitutional Law, v. 8, Issue 4, p. 739–765, October 2010.
LEAL, Fernando; JORDÃO, Eduardo. Quando a tradução também importa: problemas linguísticos de direito comparado. Direitos Fundamentais & Justiça, v. 8, n. 29, p. 86-104, out./dez. 2014.
LEGRAND, Pierre. A impossibilidade de “transplantes jurídicos”. Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Direito – PPGDir./UFRGS, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 11-39, jan./jul. 2014.
LEGRAND, Pierre. Como ler o Direito estrangeiro. São Paulo: Contracorrente, 2018.
MARIANO, Cynara Monteiro; FURTADO, Emanuel Teófilo; ALBUQUERQUE, Felipe Braga; PEREIRA Fabrícia Helena Linhares Coelho da Silva. Diálogos Sanitários Interinstitucionais e a experiência de implantação do NAT-JUS. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 5, n. 1, p. 169-188, jan./abr. 2018.
MARIANO, Cynara Monteiro; PEREIRA, Fabrícia Helena Linhares Coelho da Silva. Mais um obstáculo ao SUS: o caso dos planos de saúde populares. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 18, n. 72, p. 115-132, abr./jun. 2018.
MARRARA, Thiago. Método comparativo e direito administrativo: breves reflexões por ocasião da criação da Associação Brasileira de Direito Público Comparado. In: BACELLAR FILHO, Romeu Felipe; HACHEM, Daniel Wunder. (Org.). Direito público no Mercosul: intervenção estatal, direitos fundamentais e sustentabilidade. v. 1. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
MASCARENHAS, Caio Gama; RIBAS, Lídia Maria. Materializando diálogos institucionais na judicialização da saúde pública – propostas de convenções processuais coletivas, LINDB e transparência. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 7, n. 1, p. 285-317, jan./abr. 2020.
NÓBREGA, Theresa C. Albuquerque. A regulação da saúde no Brasil: o controle externo do Tribunal de Contas da União nas unidades do SUS geridas por instituições privadas. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 19, n. 77, p. 101-119, jul./set. 2019.
PIVETTA, Saulo Lindorfer. Direito fundamental à saúde: regime jurídico, políticas públicas e controle judicial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
RAEFFRAY, Ana Paula Oriola de. Direito da Saúde de acordo com a Constituição Federal. São Paulo: Quartier Latin, 2005.
REIS, Camille Lima; CARVALHO, Fábio Lins de Lessa. O fomento às novas tecnologias na Administração Pública como direito ao desenvolvimento. International Journal of Digital Law, Belo Horizonte, ano 1, n. 3, p. 11-28, set./dez. 2020.
RODRIGUES, Daniel dos Santos; LIMA, Jordão Horácio da Silva. Judicialização da saúde, acesso a medicamentos e diálogos institucionais. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 21, n. 83, p. 161-180, jan./mar. 2021.
RIBEIRO, Leandro Molhano; HARTMANN, Ivan Alberto. Judicialization of the right to health and institutional changes in Brazil. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 3, n. 3, p. 35-52, set./dez. 2016.
SARLET, Ingo Wolfgang. Algumas considerações em torno do conteúdo, eficácia e efetividade do direito à saúde na Constituição de 1988. Interesse Público – IP, Belo Horizonte, ano 3, n. 12, p. 91-107, out./dez. 2001.
SEN, Amartya; DREZE, Jean. An Uncertain Glory. India and its contradictions. Penguin, 2013.
ZOCKUN, Carolina Zancaner. Da intervenção do Estado no domínio social. São Paulo: Malheiros, 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).